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Dezembro

AMOR DEPOIS DE FEITO


Poemas, por Wellington Souza.


Continuação da série síndromes, mostra poemas que refletem sobre as necessidades do que aprendemos a chamar de amor.


PLACEBO

A função da alma
por esses tempos difíceis
em que prazeres físicos são raros...
é extrapolar o corpo
fugir
falsificar sensações tão bem feitas
à ponto que o corpo
exato e lógico como ele é
aceita-las e produzir os tão necessários neuro-peptídeos
e os hormônios
que estouram a reação em cadeia
bem conhecida como felicidade.



AMOR BIOLÓGICO

Há necessidades biológicas que necessitam ser satisfeitas
e isso é mútuo, benzinho...
Como nossos eixos não se alinharam,
deixemos então nossas realidades físicas se experimentarem,
permitamo-nos,
vez ou outra...
Nossas almas não ganharão o reino dos céus
pois elas não fizeram o voto de pobreza dos amantes
e ostentaram uma soberba inútil e fraca por si só,
então que nossas consciências o ganhem,
nem que seja por frações de minuto...



AMOR DEPOIS DE FEITO

O amor retrocedeu
foi fechando
fechando
encolhendo..
Brochou:
voltou a ser botão.
Sem cor
Sem perfume
Sem nada.

*

Como diabos




Conto de Maurem Kayna.

Atrasado novamente. O café desceu torto, escurecendo a garganta e o fundo do olhar. Esse mau começo de semana atiçou a discussão com o zelador pelo mau funcionamento do elevador e azedou o passo – o som maciço dos sapatos sobre a dureza dos degraus parecia querer traduzir ou purgar o desagrado. Desgastara-se de maneira desproporcional, pensou ao passar pelo jardim ressentido com a seca, deveria se desculpar com seu Joaquim quando voltasse, mas até lá haveria esse quê.

Na lotação, um suspiro comprido demarcava a persistência do incômodo. Hoje era dia das turmas do último ano – adolescentes que lhe despertavam oscilações entre ira e ternura. Seriam quatro aulas seguidas a enfrentar, mas antes da primeira explicação para os ouvintes sonolentos, uma ligação anunciou a necessidade de mudar os planos da manhã. Tomaria o rumo do crematório, mas antes havia as providências legais a resolver.

A cena da mãe pedindo ajuda para vestir o casaco de lã azul-marinho voltou com a força de um soco no estômago. Aquilo aconteceu quando ele era criança ainda, foi no dia em que o pai não voltou nunca mais. Tentou lembrar se aquilo também teria acontecido no início da semana, mas naquela idade tenra, os dias corriam sem a distinção das obrigações que vieram com a escola e, depois, com o trabalho.

Concentrou-se nas ações práticas e deixou as memórias da infância, mais ácidas que dignas de saudade, para procurar o endereço do cartório onde teria de registrar o documento de anuência à cremação.

O esforço pela praticidade foi vencido pelo uniforme das atendentes do tabelionato. A movimentação barulhenta delas entre os arquivos e o balcão trouxe as lembranças da irmã nos tempos da escola normal, e a imagem embarcou no táxi junto com ele e com os papéis carimbados.

O motorista era de pouca conversa, felizmente. Perguntou apenas o destino e disse o preço, sem romper o ritmo das recordações do passageiro esquisito.

Mariana fazia ballet na adolescência e ele, naturalmente chato como são os irmãos mais novos, troçava das sapatilhas cor-de-rosa. Explosiva que era, a irmã reagia, mais com fúria que choro e não poupava esforços para fazê-lo sentir vergonha na frente dos amigos da rua e da escola. Franzino e desproporcional, ele era apontado por ela com apelidos maldosos. Aos pais Mariana fazia queixas exageradas das perturbações causadas pelo irmão.

A madeira escura e muito polida da urna lembrou o assoalho que acolheu os pés descalços e o volume todo dos cabelos da bailarina debutante. Refez, num filme acelerado, as passagens que se seguiram: a ira doída da mãe, a expulsão dele para a fazenda dos avós e, depois, um depois sem prazo nem perdão. Só pode voltar à casa depois do serviço militar obrigatório, quando Mariana já tinha ido estudar no exterior.

– Mariana? Dulce está aqui comigo, no meu colo.

– Como diabos conseguiu meu telefone?

– Mariana, escuta. A mãe agora é cinzas em uma pequena caixa de madeira, soluçava ele.

Silêncio as vezes intimida e acusa mais que grito, ele pensou, e teve de disparar:

– Eu não te obriguei, Mariana.

Mais demora sem palavras e o celular esquentando a sua orelha. Finalmente a voz dela – igual a que se recordava:

– Se a mãe morreu, ao menos não tem mais de aturar as tuas alucinações, Pedro. Eu não tenho como viajar agora, nas férias descubro o local do túmulo.

Não tem túmulo, ele disse, e ainda perguntou se ela queria receber os restos, mas ela já tinha desligado o telefone para ir remexer no baú de fotografias. Sobravam poucas, muitas já tinham sido queimadas., mas fez delas objeto de ritual para purgar o que sobrava das manchas que ninguém, exceto a mãe, viu no vestido dos quinze anos.



* uma versão ainda mais sumária que esta foi publicada no Portal Literal 2.0, em 2008.


Créditos da imagem: Os Cisnes das bailarinas, por Paulo Oliveira


Palavras-chave:  

Quase, mas não.



Conto enviado por Rodrigo Lopes


Paula chegaria atrasada ao trabalho, de novo. Dessa vez não daria desculpa alguma, diria apenas que se atrasou porque perdeu a noção do tempo, o que de fato aconteceu. Ontem mesmo ela e seu avô plantaram o ipê branco em seu quintal, caiu do balanço que pendurou no galho mais alto, rasgou seu vestido preferido ao abraçá-lo quando chorava seu coração partido. Amanhã mesmo já poderia ter quarenta e três anos, uma sobrinha chamada talvez Anamaria e uma saudade que lhe cortaria os pulsos. Pediu demissão e nunca mais almoçou hambúrguer com batata frita ou salada primavera. Voltaria a estudar teatro, tentar fazer cinema e seu mestrado em literatura russa. Agora, antes que o tempo lhe causasse mais uma tormenta em seus olhos e memória, iria para casa.

Despediu-se de alguns mais queridos, apoiou a bolsa no ombro, passou vagarosamente a palma da mão na capa do livro que voltaria para comprar e virou-se para a saída da loja quando quase trombou com aquele rapazinho. Quase, mas não, ou ela derrubaria o livro que estava flertando, ele pediria perdão e a ajudaria a devolver no lugar de onde caiu e suas mãos se tocariam para então ele olhar nos olhos dela e ficar terrivelmente mudo com sua cor; enquanto ela o olhasse com certo susto, confundiria os movimentos das mãos ao perder-se nos grandes olhos solidários dele e sorriria de pavor para partir logo sem olhar para trás; ele observaria com que graça ela caminha naquele vestido branco, tentando gravar na memória a cor daqueles olhos e o formato da boca ou o toque da pele, saberia seu nome e telefone, convidaria para um café, um cinema, mas nada disso aconteceu. Eles nunca se tocaram, se olharam, s e sentiram, existiram. Quase, mas não.

Ela alcançou a calçada, sorriu para si e para a rua, acenou para o ônibus que passava e, alegre, partiu. Suspirando um retorno sem volta, reparava naquele grafite roxo e dourado do muro do cemitério; uma menina de capuz, soturna, segurava um candelabro com pessoas nuas no lugar de velas onde as chamas eram gritos; reparava também na forma de “o” de um galho de um flamboyant, na porta vermelha de um brechó de chapéus, no piso quebrado da calçada que formava um jogo de amarelinha. O mesmo para ela era agora novo, ou tudo ao seu redor havia mesmo se metamorfoseado para um mundo mais bonito. Gostou de acreditar nisso e sorriu novamente para si e para o reflexo do sol no vidro do ônibus onde apoiava sua testa.

Entrou saltitante em seu velho apartamento, sentiu que a luz do sol iluminava partes do piso que antes só conheciam sombra e imaginou um novo movimento de translação da terra, outra rota orbital da via láctea, que o sol resolveu dançar na escuridão do oco frio e vazio do universo, como ela agora, alegre e em silêncio. Despiu o vestido branco, jogando-o sobre o despertador do criado-mudo para que o tempo não se deleitasse de seu corpo enquanto dançava a liberdade de um dia de memórias novas. Abriu o armário de onde retirou 2 copos e a garrafa de vodca; da estante puxou seus melhores amigos, Fiódor, Dmitri, Ivan e Aliêksei, para que brindassem: “à tirana sem coração, mujique desalmada ou mercenária desprovida de sorte”, que ela logo sofreria por conseguir se tornar.

Foi até o banheiro para analisar se haveria também alguma mudança notável em seu rosto, olhos ou lábios, uma vez que em todo pequeno pedaço do mundo existia mais beleza, agora. Fixou-se em frente ao espelho, brincando de não piscar e não sorrir e não moveu suas pupilas nenhum segundo, e não reparou que seus olhos mudavam de cor: azul, verde, cinza. Só piscou quando percebeu seu reflexo desviar lentamente o olhar para baixo numa melancolia angustiante de um passado que ela preferia deixar morrer. Olhou para os riscos simétricos entre os azulejos e sentiu frio, até que cansou de olhar-se no espelho e não sentir perspectiva alguma: quebrou a parede de trás. Agora, sempre que se penteasse, permitiria que alguma nuvem se emaranhasse em seus cabelos.

Deixou-se ventar no rosto enquanto sorria de olhos fechados para o mundo abaixo dela, o mundo das ruas, das árvores, das pessoas que caminhavam olhando para baixo, dos carros que freavam para um cachorro amedrontado e atropelavam crianças, das tampas de bueiros grudadas no asfalto e dos hidrantes. O que ela mais gostava nas ruas eram os hidrantes, o poste vermelho que usava chapéu e que, quando fazia chover para cima, paria arco-íris. Também gostava de olhar pelas janelas dos ônibus, de dentro ou de fora. Observando com os olhos e braços abertos lá de cima, da sua janela nova, um ônibus que dobrava a esquina, quase viu aquele rapaz que não esbarrou com ela na saída da livraria.

Se ao menos ele estivesse lendo qualquer outro trecho daquele livro para, entediado, desviar o olhar para cima e ver aquele buraco na parede e ela, quase nua, cabelos nas nuvens, olhos para baixo e um sorriso escondido no canto da boca. Desceria imediatamente do ônibus para parar na calçada, lá embaixo, onde pequenino contemplaria a obra que ela construiu para expô-la e que somente ele veria, assim como somente ela repara no rapaz parado no outro lado da rua lá embaixo, sendo esbarrado pela pressa dos outros e ocultado pela sombra de uma árvore sem folhas. Ele acenaria para ela enquanto com a outra mão esconde o rosto da réstia do sol. Ela sorriria e, infantil, escreveria um bilhete que jogaria amarrado em um lenço colorido que serviria de paraquedas. Ele leria o bilhete com tal entusiasmo que subiria correndo os 17 andares de seu prédio para bater a sua porta e solicitar-lhe uma dança. Eles dan&ccedil ;ariam até a lua padecer e, em seu jazigo, se beijariam como quem abraça uma chama sem se ferir. Quase, mas não.

Ela estava pronta para partir nessa nova personagem. Desenhou sobre seu corpo um vestido preto e cinto vermelho, a fita rendada no cabelo, colocou na bolsa o caderno de anotações com memórias que nunca tinha sentido antes e páginas em branco que se preencheriam sozinhas com desenhos a pastel seco. Enquanto assobiava uma música francesa tocada no acordeon, desceu até a rua descobrir-se refeita no mundo. Escreveria milhares de cartas e as mandaria para todos os remetentes onde desejou um dia morar. Encenaria várias mortes por amor, choraria debaixo de chuva a tristeza de um casamento trágico, cavalgaria sozinha em um imenso cavalo branco entre plantações infinitas de trigo e gérberas amarelas. Tinha um vasto continente de sentimentos para descobrir, inventar, escrever, interpretar, e seu vestido branco continuava escondendo o tempo do seu mundo. Então partiu.

Na rodoviária, comprou uma passagem para uma cidadezinha no interior visitar o ipê de seu avô. Enquanto caminhava ao lado do trilho do trem, aguardando o horário da partida, quase viu aquele mesmo rapaz da loja e do ônibus. Quase, se ele não estivesse entretido olhando para baixo um saco de plástico vazio planando numa brisa à altura de seus pés. Levantou voo, levantando o olhar dele na direção dela quando ela já havia passado por ele. Ele sentou-se para fumar aguardando a partida do ônibus quando ela estava de costas lendo alguns rabiscos nas paredes. Quase, mas não.

Ela sentou-se, encostou a testa na janela do ônibus, apoiou as mãos uma sobre a outra em seu colo. A cortina vermelha tocou seu cabelo, incomodou seus sonhos e escondia mais o mundo lá fora. Moveu-se para afastá-la, quando sentiu o toque de outra mão tocando a sua por acidente. “Desculpe”, ouviu alguém que afastara a cortina para ela. “Obrigada”, ela diria antes de levantar os olhos para o banco de trás, quando se sentiria assustadoramente indefesa nesse novo mundo. Ele, emudecendo, pronunciou um “de nada” até que seus grandes olhos solitários perderam a voz enquanto refletiam a cor que os olhos dela inventavam. Ela não conseguiu fechar os lábios, e sentou-se olhando novamente para frente, olhando fixamente para frente, sem piscar ou sorrir, como no jogo em frente ao espelho do seu banheiro. Resolveu quebrar mais uma parede de trás, a que agora quase impedia sua vida de flanar. Quase, mas não.



RODRIGO LOPES
Rodrigo Lopes Pereira de Melo, frequentou o curso de Letras – Literatura e Língua Portuguesa de 2004 a 2007 na UFSC – Florianópolis. Por motivos pessoais, teve que interromper a faculdade. Atualmente estudo Pedagogia no IFC – Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú – SC.

Em 2007, como resultado de uma oficina de cinema ministrado pelo cineasta Marcelo Domingues, contribui como corroteirista e assistente de produção do curta “O ciclo da Luz”.

Em 2008 escrevi e dirigi o curta “Purificando”.

Em 2011 fui selecionado 2º concurso literário do Jornal Cruzeiro do Sul, com o conto “Quase, mas não”, publicado na antologia “Eu conto... Nós contamos.”, lançada em 2012.

Em 2013 fui selecionado no concurso 3º Concurso Poesia Urbana, realizado pela Unifebe, de Brusque – SC.


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não será o bastante



Poemas enviados por Carlos Antonholi 


NÓS

nós
no deserto
a vestir

vendavais
& poeira
por perto

temporais
de areia
& de nós

(no deserto)


[c.antonholi]




O CHEIRO DA PÓLVORA

grãos esféricos
deflagrados

em canções inaudíveis
para os tímpanos

mangueira de cateter
resquícios de éter

(no coração)

enxofre triturado
& carvão

(grafite)

desce a saliva
ardentes salitres

de iras aspiradas
entorpecem as narinas 

(ressecadas)

tum tum 
que perde o compasso

aos poucos
resto & carcaça

o bum
do susto apavora

já não sente
o cheiro da pólvora


[c.antonholi] 




MAIS QUE UM LITRO

vê o copo sobre a mesa
com água até a borda
o poeta aflito

líquido cristalino
não será o bastante
para molhar seu grito

para afogar seus versos
e hidratar suas palavras
necessita mais que um litro


[c.antonholi]

A sensibilidade



Reatamos o antigo namoro com a seção PoeSZeja. Todos os dias recebo, dos mais diversos cantos tocados pela língua portuguesa, textos para a benfazeja, quase todos escritos por autores que ainda não publicaram livros ou que estão debutando mas que já demonstram a força tão característica nos laureados.

Não estava nos meus planos voltar com a PoeSZeja agora. Algo me fez mudar de opinião, sim. Ler

Formigas me arranham por baixo da pele.
Todos esses pequenos eus formigam, colonizando minha carne dessa estranha gente. (...)

enviado por uma mulher carioca,

(...) trens que viajam sobre gente

trens dementes
sigam até o pescoço (...)

 vindo de uma gaúcha e

A sensibilidade que explode os poros exala um perfume de calma infância
alma infância passadista

direto da Bahia faria qualquer um que se propõe a divulgar literatura querer juntá-los em uma pequena antologia e apresentar suas autoras, suas poetas, a todos que estão à sua volta.

Para ler, sentir, compartilhar.

Wellington Souza


(Sem título)
Ana Claudia


Formigas me arranham por baixo da pele.
Todos esses pequenos eus formigam, colonizando minha carne dessa estranha gente.
Assopra a fumaça morna de velas rezadas
por onde respira o formigueiro que trabalha em mim.
Quero a paz incensada dos templos.
De todos os tempos:
O imemorial.



Fim da linha
Leila Krüger

Pisem os trilhos de meu ventre
por favor
trens que viajam sobre gente

trens dementes

sigam até o pescoço
trens valentes
descarrilem em meu dorso

sempre em frente!

Trens de osso
trens de aço
trens
que
bra
dos



O Cheiro
Iara Assessú



A sensibilidade que explode os poros exala um perfume de calma infância
alma infância passadista
Louca como a mão certa
Larga como a mãe gorda que pouco faz do mundo, mesmo quando ainda carrega...
A magoa do tempo é pouco,
Um pouco que se sucede dentro de uma força tão bruta e lilás que só faz parar o mundo pra gritar aos vagabundos
Que nascem como trevo de três folhas...
Não secam no caderno,
Se reproduzem numa eternidade qualquer escalando as paredes da casa com suas almas passageiras, que aguardam o momento de se adentrarem no pipoco...
Infância tem cheiro de lápis de cor.

Ignore a memória



ignore a memória coagulada na garganta

siga a ordem dos sintagmas

pense despotência
minta engane aprenda-se

seja óbvio objetivo prático

não dê o devido valor ao café
dê o delito favor à fé

por higiene e saúde
lave seus livros
com hipoclorito de sódio

seja plurissílabo

bata na porta dos fundos
abuse do por favor
do obrigada
do sinto muito

não beba
não fume
não fuja
não babe
não grite
não grave

finja
o tom de voz daquela pessoa

esqueça

não escreva

mantenha a calma
a cama arrumada
desengatilhe a arma
faça a barba
faça um plano
limpe o quarto
lave o prato
vista branco

suporte o sufoco
dos prefixos
a an dis des in i

engula todos os anfíbios

e feche em si
a porta hospício


ao entrar

Ela sonhara mais diversão



Deixou sob a mesa as promessas de festa, e acompanhou impaciente as explicações sobre maçãs que se somam e podem ser repartidas com certo número de coleguinhas. O trabalho de colagem seria somente depois do recreio e a espera tirava gosto à merenda e às brincadeiras.

Quando espalhou sobre o tampo de fórmica os seus tesouros, sentiu-se pouco à vontade com a desordem da classe e de tantas coisas coloridas, mas não deu mostras do desconforto. Ao contrário, sua franja loira e bem cortada emoldurava uma expressão de calma, sempre capaz de conquistar a simpatia dos adultos.

Os grupos foram formados entre a euforia dos pequenos e a impaciência da professora, que orientou sobre os cartazes a serem preparados. Recortar em revistas amassadas os desejos para o futuro do planeta não atendia às expectativas de Roberta. Ela sonhara mais diversão - gostava especialmente das imagens de construções imponentes, de aviões estampados em céu ensolarado ou tratores em campos intermináveis. Imaginara um tipo de colagem para satisfazer seu gosto por cores, sem regras de tema, apenas as combinações mais aprazíveis é que interessavam. Já tinha brincado de fazer bichinhos de papel marchet e aquela chatice de cartolina verde para receber recortes desalinhados não era um estímulo para a aceitar a manhã de confinamento.&nbsp

Os grupos foram formados entre a euforia dos pequenos e a impaciência da professora, que orientou sobre os cartazes a serem preparados. Recortar em revistas amassadas os desejos para o futuro do planeta não atendia às expectativas de Roberta. Ela sonhara mais diversão - gostava especialmente das imagens de construções imponentes, de aviões estampados em céu ensolarado ou tratores em campos intermináveis. Imaginara um tipo de colagem para satisfazer seu gosto por cores, sem regras de tema, apenas as combinações mais aprazíveis é que interessavam. Já tinha brincado de fazer bichinhos de papel marchet e aquela chatice de cartolina verde para receber recortes desalinhados não era um estímulo para a aceitar a manhã de confinamento.&nbsp

Os grupos foram formados entre a euforia dos pequenos e a impaciência da professora, que orientou sobre os cartazes a serem preparados. Recortar em revistas amassadas os desejos para o futuro do planeta não atendia às expectativas de Roberta. Ela sonhara mais diversão - gostava especialmente das imagens de construções imponentes, de aviões estampados em céu ensolarado ou tratores em campos intermináveis. Imaginara um tipo de colagem para satisfazer seu gosto por cores, sem regras de tema, apenas as combinações mais aprazíveis é que interessavam. Já tinha brincado de fazer bichinhos de papel marchet e aquela chatice de cartolina verde para receber recortes desalinhados não era um estímulo para a aceitar a manhã de confinamento.&nbsp